Dia desses, de cérebro geléia e neurônios disléxicos em resseca sistêmica e reflexiva, adentrei subitamente ao meu aposento sanitário. Não sei, senhores, se já passaram pela experiência de ter um elefante com patins nas quatro patas dentro de seu aparelho digestivo. Se já, entenderão com maestria a tormenta que me acometia naquela fática manhã de segunda-feira. Golfada emitida, sentei-me ao chão, e num momento apoteótico de pós-coma-alcoólico, fiquei a observar a maldita reminiscência gástrica da noite anterior, tentando lembrar quem era esta energúmena que vos escreve. A verdade é que o cérebro de um ébrio funciona em movimentos lentos e descompassados, e a fita magnética de sua cachola já não tem a capacidade de reter imagens que sejam suficientes satisfatórias para se encaixarem na categoria memória. E para esses pobres indigentes, a máxima, ‘diga-me com quem andas e te direis quem és’, não lhes cabe, visto que nunca lembram por onde andam, quanto mais com quem andam...

Meus caros leitores à toa, como todo indivíduo, antes de enlouquecer de vez, tem um lampejo de lucidez, olhando para minha privada amiga de todas as manhãs, senti um arrepio na consciência diante da pressuposta esquizofrenia, cogitando a insanidade daquele momento. E, então, em anseio por respostas freudianas, em voz empostada de cantor de bolero, perguntei esquizofrenicamente: 'Banheiro, banheiro meu, estou eu enlouquecendo???'. Minha privada, muito elitista-pseudo-intelectual-junguiana, respondeu com voz de arnaldo-jabor:
"Decifra-me ou devoro-te".
Em ódio contemplativo, vinguei-me da dita-cuja, observando placidamente, meu golfo-etílico descer-lhe goela abaixo, privada dos infernos...
[Vanessa Bandinni]
Salve Vanessa...
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